sexta-feira, 19 de abril de 2013

A HIPOCRISIA DO DIA NA NOTÍCIA DO ÍNDIO


Em um local, destinado às causas indígenas desde 1864, tendo sido abandonado na década de 70, e ocupado pelos índios em 2006, com esses mesmos, sempre cobrando do estado uma revitalização do Antigo Museu do Índio, no intuito de preservar a memória indígena presente no Complexo Maracanã, o Governo, em prol das obras para Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016, tendo em vista sua localização, decide por “pedir” reintegração de posse desta área, onde os indígenas já estavam estabelecidos, com suas ocas, digo, seus laços culturais, suas famílias, dispondo de duas opções como forma de “acordo” com os ocupantes da terra. Dentre elas, uma seria, um terreno em Jacarepaguá, zona oeste, e a outra, uma alternativa a construção, até o final de 2014, de um centro de referência indígena no terreno onde atualmente está a estrutura desativada do Presídio Evaristo de Moraes, conhecido como Galpão da Quinta, no parque da Quinta da Boa Vista. Sobre esse debate:

“Apurinã (líder indígena) reconhece que o local (este último) é melhor, mais centralizado, mas a incerteza de quanto tempo levaria para demolir o presídio fez os índios preferirem pela área em Jacarepaguá.”


A grande questão, é que, para transformar o antigo Museu do Índio em um Museu Olímpico, por ordem da Justiça Federal e a pedido do governo do estado do Rio de Janeiro, a operação de desocupação, comandada por policiais do Batalhão de Choque, retiraram (expulsaram, de fato), os índios ali alocados, por meio do uso de uma força completamente desnecessária, já que o número até de manifestantes, era mínimo, não respeitando e com isso digo, violando todo e qualquer direito humano que caiba a um cidadão brasileiro, ou pelo menos, deveria caber. O mínimo de dignidade, ainda é possível? Uma profissional de serviço social nessa articulação, entre “governantes” e “expulsos”, tornaria essa mediação um pouco menos desumana, se é que isso seria possível?! Como nos inserimos nesse contexto de forma a atuar com medidas concretas, vislumbrando novas saídas, meios de assegurar direitos invisíveis aos olhos das autoridades, ainda é uma resposta utópica em meio a esse fomento privatista.

Para finalizar esses questionamentos após termos nos deparado com esse tipo de notícia em pleno “Dia do Índio”, já diria Renato Russo...
“(...)

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.
(...)”



http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/indios-expulsos-da-aldeia-maracana-reclamam-de-alojamento-distante-do-centro-do-rio-20130419.html

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Acima de tudo


O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que a prefeitura vai manter a política de internação compulsória de moradores de rua a despeito da ação movida nesta semana pelo Ministério Público do Rio de Janeiro que pede a cassação de seu mandato por abusos na remoção dos sem teto.  'Vamos continuar com a internação', afirmou. 'Mesmo coma ação do Ministério Público, é óbvio'. O prefeito  disse ainda não ter sido notificado, mas afirmou que vai recorrer contra da ação. 'Eu respeito a opinião, eu sou um democrata, mas eu sou a favor da internação compulsória e eles são contra', afirmou Paes sobre a ação do MP. (www.g1.com)

Não bastou, para o prefeito do Rio de janeiro, a denúncia do Ministério Público, nem todos os atos de repúdio dos conselhos de Serviço Social e Psicologia contra a internação compulsória para que ele considere para-la, a busca por uma cidade limpa para as olimpíadas e Copa do Mundo vão além dos direitos garantidos, pela sociedade, na constituição.
Internação compulsória para ser legítima precisa que tenha um mandato judicial, o que é diferente do que está acontecendo, pessoas são retiradas das ruas arbitrariamente e inconstitucionalmente, um sequestro.
Assistentes Sociais são mandados para essas operações e obrigados a praticar essa política abusiva, não porque querem, mas por serem empregados e receberem ordens do próprio município para tal, os assistentes sociais são obrigados a ferir o próprio código de ética que tem como principio fundamental o reconhecimento da liberdade como valor ético central, defesa dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo, dentre outros.
Cabe aos assistentes sociais denunciar essa política, é muito preocupante ter um prefeito que fira todos e qualquer direitos em nome do capital.